Geosofia: uma arqueologia das Geografias Humanistas e Culturais no Brasil
Integrantes: Eduardo José Marandola Junior - Coordenador.
Financiador(es): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Bolsa.
2024 - Atual
Os estudos humanistas e culturais estão entre os que tiveram significativo crescimento na Geografia brasileira nas duas primeiras décadas deste século, contribuindo para um redesenho das possibilidades teórico-metodológicas e temáticas da formação e da pesquisa no país. Isto pode ser verificado na constituição e consolidação de grupos de pesquisa, publicações, eventos, pesquisas e formação de novos mestres e doutores. As Geografias Humanistas e Culturais constituem, assim, um dos horizontes (ou campos) que apresentam grande dinamismo, potencializando ao mesmo tempo temas que podem ser considerados consolidados na tradição geográfica (identidade e sentido de lugar, percepção ambiental, percepção de riscos, experiência urbana e ambiental, valores e representações de paisagens, territorialidades e identidades de grupos culturais, identidades territoriais, dentre outros) e emergentes (questões de gênero e sexualidade, corporeidades, saberes afrodiaspóricos e indígenas, raça e racismo, culturas híbridas, hipermobilidade e transculturalidade, colonialidade, dentre outros). O campo consolidou-se como um dos horizontes teórico-metodológicos da disciplina, apresentando grande potencial para questões prementes da sociedade brasileira, em especial no que se refere a um conhecimento situado e posicionado, tal como os movimentos de enfrentamento de perspectivas eurocêntricas têm demandado. Há, neste sentido, uma articulação entre o enfrentamento ao naturalismo e ao racionalismo característicos da ciência moderna (orientadores da primeira fase destes estudos) com seu potencial atual de contribuir para o enfrentamento da colonialidade, o que ajudaria a compreender a continuidade e a dinamicidade destes estudos no país. Estudos de lugar, paisagem, região e território têm sido mobilizados para promover perspectivas geograficamente centradas, na contramão de imposições e expropriações, enfatizando-se os direitos territoriais ancorados em um sentido ancestral e cosmológico da relação com a Terra, enquanto ente e ser geográfico. Há, portanto, um potencial político e ético implícito nestas abordagens, o que tem promovido renovações conceituais e novas perspectivas no campo. Neste sentido, esta pesquisa objetiva realizar uma investigação arqueológica (no estilo fenomenológico-hermenêutico) e contextual, buscando compreender o desenvolvimento recente (a partir de 2000) das Geografias Humanistas e Culturais no país, identificando linhas, campos de força, articulações, aplicações, tendências e abordagens, visando constituir um quadro geosófico (de Geografia do Conhecimento) que possibilite compreender as potências e contribuições destes estudos para o enfrentamento de questões emergentes no contexto de uma Geografia situada no Brasil.
Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (6) / Doutorado: (2) .