Unicamp e Sebrae celebram resultados inéditos de projeto sobre comportamento de pequenos negócios

Participantes do II Workshop Unicamp-SEBRAE (Foto: arquivo pessoal)

O projeto "Behavioral Insights Aplicados à Economia dos Pequenos Negócios", fruto de parceria entre Unicamp, Sebrae Nacional e Receita Federal, alcançou resultados expressivos em suas duas frentes de atuação. Na Frente 1, voltada à inadimplência dos MEIs, comunicações via WhatsApp aumentaram a regularização: 32,8% quitaram o DAS corrente (contra 28,6% no grupo controle) e 8,3% pagaram parcelas atrasadas (versus 6,9% no controle). Já na Frente 2, sobre resolução de conflitos, identificou-se que a litigância muitas vezes decorre de percepções distorcidas sobre alternativas disponíveis. Realizado nos dias 10 e 11 de abril na Unicamp, o II Workshop do projeto apresentou esses resultados após 30 meses de trabalho.

A professora Milena Pavan Serafim, diretora da Faculdade de Ciências Aplicadas e coordenadora do projeto pela Unicamp, destacou: "Só na frente 1, conseguimos reverter em recursos para os cofres públicos um valor maior do que o projeto teve de recursos. Se tivesse sido a própria Receita Federal a enviar as mensagens, o impacto calculado teria sido algo entre 20 a 30 milhões".

O evento reuniu gestores do Sebrae de diversos estados, representantes do Ministério do Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, membros do CECOM/RFB, pesquisadores da Unicamp e especialistas convidados. Na abertura, além da professora Milena, Carlito Merss, gerente de Políticas Públicas do Sebrae Nacional, enfatizou o potencial referencial da iniciativa, enquanto Daniel Papa Garcia, diretor de Empreendedorismo do Ministério do Empreendedorismo, elogiou o rigor metodológico.

A professora Juliana Arruda Leite, em colaboração com Ricardo Lima Sedeu, coordenador do CECOM/RFB, apresentou os resultados da Frente 1. Já a pesquisadora Izadora Perkoski expôs os achados da Frente 2, ressaltando que "a litigância muitas vezes não é fruto de escolha, mas de escaladas não gerenciadas, percepção de falta de alternativas eficazes ou vieses que distorcem a avaliação de custos e benefícios de um acordo".

O workshop contou ainda com palestra do professor Mário Boto Ferreira, da Universidade de Lisboa, sobre psicologia do endividamento, e oficinas que discutiram recomendações como ampliação do uso de tecnologias digitais e integração de sistemas. Mateus Feitosa, coordenador do projeto pelo Sebrae, encerrou destacando o caráter inovador e replicável da iniciativa, que abre novas perspectivas para aplicação das ciências comportamentais na economia dos pequenos negócios no Brasil.