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Adriana Torsoni, docente dos cursos de graduação em Ciências do Esporte e Nutrição e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição e do Esporte e Metabolismo, ambos da Unicamp, é a nova Coordenadora Adjunta dos Programas Acadêmicos da Área da Nutrição da CAPES, com mandato de quatro anos (2021 – 2024). Atualmente a área de Nutrição da CAPES (50) abriga 34 programas de pós-graduação, os quais são responsáveis por formar mestres e doutores altamente qualificados em diferentes campos dos saberes nas áreas de Alimentação e Nutrição e áreas correlatas, como Metabolismo e Atividade Física, em todo o país. São quatro programas profissionais e trinta acadêmicos. Veja abaixo depoimento da docente sobre o cenário geral da pós-graduação no Brasil e as especificidades e desafios da Área de Nutrição.

 

“Em termos gerais, penso que há uma sinalização da necessidade de mudança do nosso sistema nacional de pós-graduação. Nós vimos observando um declínio na demanda pela pós-graduação no país. O cenário piorou muito durante a pandemia e, ao contrário do esperado, não houve recuperação da procura por cursos de pós-graduação após a retomada das atividades presenciais, o que certamente é reflexo da carência de investimento público na educação. Com relação ao período de pandemia, penso que houve um impacto muito grande nas finanças dos cidadãos e as pessoas precisaram buscar formas alternativas de manter o sustento familiar – só a bolsa de pós-graduação não foi suficiente, para a maioria dos estudantes, para manter a família. Assim, a escolha da pós-graduação, como construção de uma carreira, ficou prejudicada. Além disso, a carência de investimento público na educação durante a gestão passada do governo federal, levou a uma desvalorização da carreira docente. Vimos diminuição do número de bolsas, além do congelamento de valores que se estendeu por muitos anos, e uma falta de reposição de perdas, tornando a carreira acadêmica pouco atrativa para qualquer jovem. Helena Nader, eleita recentemente para a presidência da Academia Brasileira de Ciências, diz que a ciência deve refletir o povo do país. A gente precisa também de uma aproximação da academia com o setor empresarial, por exemplo. Em países onde esta aproximação é mais frequente e efetiva, há maior geração de tecnologias e inovação. Além disso, precisamos de modelos de programas de pós-graduação menos disciplinares, que visem enfrentar problemas científicos maiores e mais complexos e que requerem diferentes saberes. Precisamos também pensar na duração da formação de nossos mestres e doutores, que é atualmente longa e, somada à baixa remuneração, não vai se sustentar por muito tempo. Em relação a área de Nutrição, o maior desafio é ter representatividade também na região norte do país. Atualmente, a área abriga programas nas regiões sul, sudeste, centro-oeste e nordeste e precisamos entender a demanda e pensar em como estarmos presentes nas cinco regiões do Brasil. Vejo nossa área como bastante consolidada, o que precisamos é fortalecer os programas que hoje existem. Temos ainda vários programas que são nota três e quatro que precisam oferecer também o doutorado – esta seria uma importante evolução. Precisamos pensar em como oferecer uma formação robusta, mas não tão longa como é atualmente - este é nosso maior desafio. Somos uma área pequena quando comparamos com outras áreas do colégio de ciências da vida, mas somos reconhecidos dentro da grande área de ciências da saúde, como uma área que segue um rigor para a evolução de seus programas. Creio que superar esses desafios não seja uma tarefa fácil, mas estamos comprometidos com o avanço da ciência e com o fortalecimento da pós-graduação, buscando valorizar todo o esforço empenhado pelos programas que compõem a nossa área." (Profa. Adriana Torsoni)