logo fca transparente

Selecione seu Idioma

rsz logo unicamp



 

DSC01681
 
                           Laboratório de Fisiologia Aplicada ao Exercício Físico conduz pesquisas com modelos animais e seres humanos

 

O treinamento intervalado de alta intensidade (em inglês, HIIT – High Intensity Interval Training) virou febre em muitas academias pelo país, já que promete “queimar” mais calorias em curto período de tempo, supostamente superando os benefícios do treinamento moderado de longa duração. É inegável que qualquer exercício físico pode promover saúde e melhorar a qualidade de vida, mas, para tanto, precisa ser bem aplicado – caso contrário, os danos podem ser maiores que os benefícios. É o que mostram pesquisas iniciais conduzidas pelo Laboratório de Fisiologia Aplicada ao Esporte (LAFAE), coordenado pelo Prof. Claudio Gobatto e Profa. Fúlvia Manchado Gobatto.

Pesquisadores do laboratório publicaram recentemente artigo científico na revista Scientific Reports mostrando que o HIIT pode causar danos aos ossos de camundongos submetidos ao treinamento cinco dias por semana, durante um período de dez semanas. O estudo, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), foi fruto da dissertação de mestrado do aluno Emanuel Elias Camolese Polisel no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição e do Esporte e Metabolismo. Atualmente ele está dando continuidade às pesquisas em seu doutorado, no mesmo Programa. As investigações foram conduzidas com significante contribuição do Laboratório de Fisiologia Endócrina e Exercício Físico, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), coordenado pelo Prof. Wladimir Rafael Beck.

“Atualmente há muitas pessoas sedentárias sendo submetidas ao HIIT e acreditamos fortemente que mais cuidado deveria estar sendo tomado nestes casos. Além disso, é preciso cautela com o excesso de esforços caracterizados por alta intensidade, mesmo se o indivíduo é fisicamente ativo. Para as pesquisas que desenvolvemos, submetemos dois grupos de animais – um mais e outro menos ativo – ao mesmo método de treinamento individualizado e de alta intensidade. Identificamos que stress elevado foi gerado para o tecido ósseo e, ao menos para esse tecido, resultados negativos foram visualizados para o grupo de camundongos mais ativo”, revela Fúlvia.

Ela explica que os camundongos mais ativos vivem em gaiolas maiores criadas pela equipe do laboratório para os experimentos e que, justamente por isso, se movimentam muito mais no dia-a-dia e colhem muitos benefícios por realizarem mais atividade física espontânea. “Em nossos experimentos, observamos que os animais que vivem em caixas padrões, comumente utilizadas em laboratórios, são mais quietos, se movimentam pouco, ou seja, apresentam comportamento mais sedentário. Já os animais que vivem em caixas maiores exploram fisicamente o ambiente, se tornam mais ativos e conseguem potencializar os benefícios de exercícios físicos em relação aos sedentários, quando submetidos ao mesmo esforço. Há evidências já documentadas que a condição inicial do indivíduo afeta os resultados obtidos pelo treinamento físico”.

Segundo Fúlvia, a equipe utilizou registros por gravimetria para medir todo movimento que os animais realizam. As gaiolas ficam em uma plataforma sensorizada e todos os movimentos dos animais são registrados, durante o dia e noite. “Fizemos o monitoramento da atividade física diária e foram realizadas medidas metabólicas e análises moleculares com os animais que vivem nestes diferentes espaços. Observamos que o fato dos animais viverem em gaiolas maiores, muda o comportamento deles, tornando-os mais ativos – e este nível de atividade física mais elevada melhora muitos parâmetros com relação à qualidade de vida, inclusive eleva os níveis de cálcio nos ossos”. No entanto, o tecido ósseo do grupo de camundongos mais ativo foi prejudicado quando submetido ao HIIT realizado muitas vezes por semana e a longo prazo.

O LAFAE pesquisa adaptações fisiológicas, metabólicas e moleculares relacionadas a diferentes métodos de treinamento individualizado, tanto em modelos animais quanto em humanos e desenvolve várias investigações em parceria com o Departamento de Genética e Genética Médica da Universidade de Wisconsin (EUA).