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Luiz Medina Guarani, aluno indígena de Mato Grosso do Sul, se formou ontem em Administração Pública. Como disse a Professora Alik Wunder, da Faculdade de Educação da Unicamp e orientadora do aluno: "Uma conquista pessoal, familiar e de um povo ao mesmo tempo. Muitas gerações, pessoas, coletivos e povos celebram a conquista de Luiz. A Unicamp celebra a primeira formatura do Vestibular Indígena e agradece por todo trabalho realizado na política de inclusão indígena como estudante e estagiário na @caiapi_unicamp "

"A formatura de um administrador público indígena no Brasil não é pouca coisa. Isso fortalece a luta por direitos e a ocupação de espaços de poder político pelos povos originários. Espero que o Luiz Medina seja o primeiro de muitos a trilhar este caminho rumo ao Brasil que queremos." (Profa. Juliana Leite, docente do curso de Administração Pública da Unicamp)

"Fico muito feliz, e é uma emoção muito grande me formar em administração pública. Eu enquanto guarani do Mato Grosso do Sul, que é o estado que mais assassina lideranças indígenas no Brasil. O Brasil tem uma política de Estado de extermínio da população indígena, até os dias de hoje. O meu acesso a formação de Administração Pública se junta a toda coletividade, o empenho das instituições e as reivindicações de todo o movimento indígena nacional desde a década de 88, um direito do Estado Democrático de Direito onde a gente passa a acessar a universidade pública, onde a gente passa a acessar as instituições. Eu sou só um dos frutos de uma luta constante e que tem mais de 523 anos, e eu me somo agora aos meus parentes e lideranças que já tombaram inclusive e que foram assassinados, mas que lutaram para que o Brasil, enquanto nação, entenda que é preciso respeitar os direitos indígenas, e que é preciso garantir a dignidade da vida indígena.

Desde quando a Unicamp abriu o vestibular indígena, ela se abriu para a dignidade humana e para a dignidade indígena e para a garantia dos direitos indígenas. Por isso é tão importante a minha formatura e até o final do ano tem mais formandos indígenas do vestibular de 2019 da turma que eu entrei. E a nossa luta aqui na Unicamp é coletiva e ela vem para se somar a todo o esforço coletivo em âmbito nacional e internacional. É muito louco pensar que a Unicamp existe há mais de 50 anos e era um espaço institucional onde a gente não estava - é muito estranho pensar isso, é bizarro.

E agora, depois de trinta anos de um Estado Democrático de Direito, mas depois de 523 anos, a gente tá conseguindo um diálogo mais justo, mais igualitário, mais respeitoso mesmo. E o que a gente quer nunca é tirar o espaço de ninguém, mas é preciso que as instituições entendam que é preciso tratar as populações indígenas, quilombolas, negros, lgbts, mulheres e todos que nunca frequentaram esses espaços com mais equidade. 

Para os futuros alunos indígenas, eu diria que a universidade é a casa do método, e que o conhecimento que nós temos é ancestral - o que a gente precisa é garantir que o nosso conhecimento tradicional seja respeitado. A gente precisa aprender o método científico, que a universidade sabe fazer da melhor maneira possível. E nos aliarmos aos nossos aliados, nos fortalecermos dentro da universidade e usufruir desses espaço, do direito à educação, ao ensino superior, que é um direito universal. É um direito nosso ocupar esses espaços. Todo mundo deveria ter esse acesso, então já que estamos aqui, que a gente ocupe mesmo, frequente todos os espaços e que a gente esteja em todas as reuniões e que agente estude, se forme, e se expresse" (Aluno Luiz Medina Guarani)