Geografias da cachaça: imagens do Brasil e paisagens dos alambiques em Paraty - RJ
Gabrielle Mesquita Alves Rosas
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências
Orientador: Eduardo José Marandola Júnior
É comum encontrar referências à cachaça rotulada como produto tradicional do Brasil. Sua presença é obrigatória em festas populares como as juninas. Rituais religiosos, comemorações, músicas e poemas exaltam essa brasilidade da cachaça. Essa imagem chega até nós através de propagandas, literatura e até de desenhos animados. A cachaça enquanto obra de uma cultura, é ao mesmo tempo memória de um saber criado em determinado lugar e imagem que de forma simbólica expressa essências deste lugar. Imagem é formulação que se baseia na experiência, já que com todos os sentidos compreendemos o mundo. Na criação e interpretação de imagens lançamos mão de todos estes, e não só da visão. A repercurssão dessas imagens se dá através da linguagem, forma de transmitir nosso conhecimento intuivo em base compartilhável e acessível ao outro. Realçando a perspectiva humana, o mundo é nossa trajetória inscrita nos lugares, é grafia (escrita) da geo (terra). Essa geografia é conjunto de formas e padrões, fruto do trabalho do homem nos lugares, que podem ser lidas e entendidas como cultura. Assim, as paisagens são o acúmulo destas escritas sobre determinado lugar. Desta forma, procuramos por grafias da cachaça. Escolhemos Paraty (RJ) como lugar de estudo, destacam-se na cidade as paisagens dos alambiques, produtores de sua famosa cachaça artesanal. Nessas paisagens observamos alambiques que recriam cenários tradicionais com finalidade turística e, ao contrário destes, há os simplesmente produzem a cachaça mantendo a tradição. A cachaça está inscrita nesses dois padrões de paisagem, porém, cada um deles tem uma forma e instaura um ritmo diferente onde estão estabelecidos.
Palavras chaves: Geografia humanista, Cachaça, Imaginário, Paisagens, Paraty-RJ