Río sensible: topología de la tierra-vida = Rio sensível : topologia da terra-vida
Diana Alexandra Bernal Arias
Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências
Orientador: Eduardo Jose Marandola Junior
O rio é talvez um dos seres mais sensíveis que existe. No entanto, em uma civilização em crise não é tão fácil reconhecê-lo, pois esta civilização tem desejado nos tornar insensíveis: desenraizar-nos da terra e desencantar-nos da vida para governá-las. O rio como terra e vida que é, também sofreu essa contínua tentativa de transformá-lo e fazê-lo parecer algo insensível; apresentando-o desde o olhar capitalista e antropocêntrico de um Ocidente cindido como um elemento, coisa, recurso ou objeto insensível que deve ser percebido, conhecido e utilizado pelo ser humano. Apesar deste habitar em crise, o rio e todo o tecido existencial que o configura tem fissurado a contínua tentativa de dominá-lo, revelando-nos a partir da sua existência e re-existência sua condição sensível, que podemos compreender nas suas diferentes relações existenciais, em uma ontologia telúrica, relacional, a partir das diferentes experiências que com ela se tecem em um rio que é terra-vida. Esta pesquisa foi norteada principalmente pelo conhecimento da Geografia Humanista Brasileira e do Pensamento Ambiental Sul, com seus debates espaço ambientais a partir da fenomenologia e da métodoestesis, que ajudaram na compreensão do rio sensível e sua indagação topológica sensível a partir de sua condição de terra-vida. Comecei me perguntando sobre o rio e nesse questionamento o rio surgiu com toda a sua força como um ser sensível, ou seja, um ser senciente, sentido e de sentidos que fecunda a vida enraizada na terra. Na compreensão do rio foram apresentadas formas poéticas de habitar em que reconhecemo-nos rio e formas que buscavam o governo do rio a partir da hidro, bio, geo e tanatopolítica, distanciando-nos topologicamente do rio. Na primeira parte, as geograficidades com suas lugaridades e territorialidades, juntamente com as geopoéticas desdobradas como hidropoéticas, fizeram possível revelar o rio sensível e seu topos, através das experiências: da comunidade campesina de San Isidro com os rios Salsipuedes e La Lacranera, com a minha com o rio Cauca e, com outros relatos do rio, mostrando nesta polifonia experiencial as situações, circunstâncias e os diferentes sentidos do rio. Na segunda parte, foi realizado um estudo genealógico do rio, tornando visíveis as formas de governo sobre o rio e os desdobramentos da política nele, fazendo uma análise crítica da política reduzida separada da vida e da terra, trazendo ao mesmo tempo as fissuras que se criaram nesses regimes de saber-poder. Finalmente, o rio sensível revelou-se com toda sua força, naquilo que chamei de uma Geografia topológica sensível, mostrando-nos nas suas formas de ser e estar um rio rizomático, que é terra metamórfica que se cria e recria como vida fluida, para lembrar-nos que: todo habitar é um habitar hídrico, que nós também somos um rio e que o rio que terra-vida é um dos grandes mestres do habitar poético.
Palavras chaves: Água, lugar, territórios, geografia humanista, meio ambiente