Mundo-da-vida como fundamento vital para as políticas de adaptação
Rafael Bastos Ferreira
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Aplicadas
Orientador: Eduardo José Marandola Junior
Os debates concernentes aos problemas ambientais têm trazido questões de ordem existenciais e conduzindo entendimentos que problematizam a condição humana no mundo; em outras palavras, assuntos relativos à ética, a razão e a cultura. Normalmente, as políticas governamentais pouco exploram esses valores, prevalecendo muitas das vezes análises objetivistas e, portanto, se distanciando do mundo-da-vida (Lebenswelt) e de todas as suas significações. O pano de fundo deste problema tem início no advento da racionalidade científica moderna que emerge no final do século XIX. Com efeito, a fragmentação do conhecimento, das instituições e da vida como um todo, tem se acentuado nos dias atuais levando o ocultamento de valores fundamentais. Neste cenário, as políticas de adaptação enquanto medidas e estratégias em resposta às mudanças climáticas tem se tornado uma importante política de enfretamento à urgência da problemática ambiental. Portanto, para além de uma racionalidade que se restringe a pressupostos meramente objetivos, pensar a política de adaptação a partir da reflexão sobre o mundo-da-vida visa, então, a) um retorno radical a experiência das pessoas a fim de reorientar a base do conhecimento e, por outro lado, b) ampliar os valores que limitam as políticas de adaptação: incluindo a ética, cultura e o conhecimento. Em sentido geral, o retorno ao mundo-da-vida como fundamento vital irá expor uma crítica à razão moderna do ideal de ciência e política. Decisivamente, sugerimos a reorientação de ambas para o solo do mundo-da-vida tendo como tarefa uma nova atitude do pensar e do fazer: um retorno à consciência e à razão
Palavras chaves: Fenomenologia, Racionalidade, Vida cotidiana, Experiência, políticas públicas