Geografias do fim da vida: fenomenologia do ser-geográfico na enunciação da morte
Henrique Fernandes Moreira Neto
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências
Orientador: Eduardo José Marandola Junior
A investigação da condição ôntico-ontológica do homem, possibilitada pela tarefa do pensamento, proporciona à ciência geográfica um modo originário de constituição de seu conhecimento como vindo de uma reflexão essencial. O mais próprio dessa condição ôntico-ontológica, além do nascimento, é a morte desse mesmo homem que, enquanto humus, já sempre volta para o seio da Tterra, para debaixo da terra, que é de onde veio. Como a natureza de tudo o que é fica marcada por um surgir e por um desaparecer, nada mais natural que o homem também passe por um mergulhar no ocultamento que é esse desaparecer nele mesmo. E se o homem veio da Tterra e para a Tterra retorna como lugar de onde surge e desaparece, pode então ser considerado como um ser geográfico que é decisivamente grafado, escrito pela Tterra quando de sua morte. A compreensão de homem como Dasein, como o ente que é existente compreendendo o ser, permite que essa morte seja desvelada não como um mero acontecimento do mundo, mas como o acontecimento apropriativo existencial no qual é possível, em relance, vislumbrar a manifestação ôntico-ontológica da Tterra naquilo que lhe é mais própria, que é o homem enquanto Dasein. Na medida em que a morte do homem nunca acontece sem uma enunciação, autêntica ou não, é nesta enunciação que estão e se nos mostram manifestadas geografias, enquanto geo-grafias, que marcam a solicitação da Tterra ao homem para que retorne à sua já sempre morada. Como é da natureza da morte ser imprevisível e indeterminada, apenas é possível perceber manifestada tal enunciação quando o homem já morreu, quando Dasein já não sustenta mais, existencialmente, a sua condição de ente. No pensamento, pela reflexão, é possível então compreender de que modo Geografias do fim da Vida vêm à luz quando uma fenomenologia do ser-geográfico na enunciação da morte é possibilitada. Essa é nossa proposta e nossa tarefa
Palavras chave: Heidegge, Arte e ciência, Fenomenologia, Pensamento geográfico