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Integrantes
Rosana Baeninger;
Roberta Peres;
Tirza Aidar;
Luciana Alves;
Marta Azevedo.

Este estudo temático tem interface com projeto mais amplo do NEPO (Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó”), intitulado “Reproduções de gerações em São Paulo: cenários para o século 21”, que visa especificamente discutir a reprodução das gerações na segunda transição demográfica no Estado de São Paulo.

Tendo o Estado de São Paulo papel tão importante na redistribuição da população no Brasil, e sendo ainda o principal espaço da migração internacional no país, considera-se fundamental a discussão acerca da reposição das gerações neste contexto já observado de: queda das taxas de fecundidade, da segunda transição demográfica, de diferenciais nos ganhos de escolaridade, de redução do crescimento vegetativo e da dependência da migração para a reprodução das gerações.

O tema das Gerações é abordado em duas frentes.

A primeira refere-se à reprodução das gerações frente ao cenário de uma dinâmica demográfica marcada pelos eventos que caracterizam a chamada “Segunda Transição Demográfica” (Lesthaeghe e Van de Kaa, 1986) e à análise da dinâmica demográfica do Estado de São Paulo à luz do debate sobre reposição das gerações em contextos de baixas taxas de fecundidade. Uma das especificidades do caso brasileiro é que, ao contrário do que ocorre na Europa, o adiamento da fecundidade não tem relevância geral no Brasil, que segue tendo um padrão de fecundidade jovem, onde o efeito tempo é negativo (Rios Neto, 2012). Outro aspecto importante é que a escolaridade se apresenta como fundamental para a discussão da fecundidade dado que há uma relação inversa entre os anos de estudo e fecundidade, indicando que um aumento na escolaridade é acompanhado de uma redução da fecundidade (Rios Neto, 2012). Brito (2007) aponta que o rápido declínio da fecundidade leva a uma menor proporção de jovens e uma maior proporção de idosos, isto é, a populações mais envelhecidas e as migrações exercem importante papel na alteração da estrutura etária. Estados como São Paulo, que recebem muitos imigrantes, sendo estes fundamentalmente jovens ou em idade ativa, tendem a sofrer uma diminuição na proporção de idosos ao passo que estados com forte emigração, a perda de população em idade ativa tende a aumentar a proporção de idosos (Brito, 2007).

A segunda abordagem do tema trata da mudança de papéis geracionais em fluxos migratórios, internos e internacionais, e suas características e processos. Busca-se compreender a reprodução das gerações em fluxos específicos identificados no Estado de São Paulo, e de que forma, articulando lugares de origem, destino e diferentes etapas migratórias, se modificam os papéis geracionais nas dinâmicas familiares e nos próprios processos migratórios; trata-se de retomar a questão da segunda geração de imigrantes (Portes, 1996; Oliveira; Baeninger, 2012). O conceito de trajetórias migratórias (Sánchez, 2012) permitirá a reconstrução da dinâmica familiar ao longo de todo o projeto migratório, identificando transformações nos papéis de gênero, na família, e também geracionais. Ao mesmo tempo, a noção de trajetória permite um recorte analítico da biografia (Ariza; Velasco, 2012) e da experiência migratória (Guarnizo et al., 2003), captando as transformações no âmbito familiar e suas relações com diferentes esferas de análise das migrações, como ciclos de vida, as expectativas temporais (Roberts, 1995), composição das etapas migratórias, uso estratégico de recursos e mudanças nos papéis de gênero (Peres, 2012) e geração.

 

Referências

ARIZA, M. e VELASCO, L. (Org.) Métodos cualitativos y su aplicación empírica: por los caminos de la investigación sobre migración internacional. México: Universidad Nacional Autónoma de México-Instituto de Investigaciones Sociales/El Colegio de la Frontera Norte, 2012.
BRITO, F. A transição demográfica no Brasil: as possibilidades e os desafios para a economia e a sociedade. Belo Horizonte, MG: UFMG/Cedeplar, 2007.
GUARNIZO, L.; PORTES, A.; HALLER, W. Assimilation and transnationalism: determinants of transnational political action among contemporary migrants. American Journal of Sociology, 108 (6): 1211-1248, 2003.
LESTHAEGHE, R; VAN DE KAA, D. Twee demografische transities? [Two demographic transitions?]. In: LESTHAEGHE, R; VAN DE KAA, D. Bevolking: Groei en Krimp (Population: Growth and Decline). (Van Loghum Slaterus, Deventer, The Netherlands) Dutch, pp 9–24, 1986.
OLIVEIRA, G.; BAENINGER, R. A segunda geração de bolivianos na cidade de São Paulo. In: BAENINGER, R. (Org.). Imigração Boliviana no Brasil. Campinas: Núcleo de Estudos de População-Nepo/Unicamp; Fapesp; CNPq; Unfpa, 2012. 316p. [p. 179-194].
PERES, R. G. Imigração de bolivianas na fronteira: desafios teórico-metodológicos. In:BAENINGER, R.(Org.).Imigração Boliviana no Brasil. Campinas: Núcleo de Estudos de População-Nepo/Unicamp; Fapesp; CNPq; Unfpa, 2012. 316p. [p. 271-295].

PORTES, Alejandro. The New Second Generation. New York: Russel Sage Foundation, 1996.
RIOS-NETO, E. Reprodução das Gerações no Brasil. In: BERQUÓ, E.; CUNHA, E.; BASSANEZI, M. (Org.). Reprodução das Gerações - Nepo 30 Anos. Campinas: Nepo/Unicamp, 2012, v. 1, p. 90-94.
ROBERTS, B. Socially expected durations and the economic adjustment of immigrants. In: PORTES, A. The economic sociology of immigration. Nova York: Russel Sage Foundation, 1995.
SANCHÉZ, L. Las Trayectorias en los estudios de migración. In: ARIZA, M. e VELASCO, L. (Org.) Métodos cualitativos y su aplicación empírica: por los caminos de la investigación sobre migración internacional. México: Universidad Nacional Autónoma de México-Instituto de Investigaciones Sociales/El Colegio de la Frontera Norte, 2012.