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Integrantes:
Rosana Baeninger;
Roberta Peres;
Gabriela Oliveira;
Natália Belmonte Demétrio;
Eduardo Marandola Junior;
Szilvia Simai;
Luis Felipe Magalhães.

A história da imigração se vincula à expansão do capitalismo (Hobsbawn, 1995) com a circulação de capital, mercadorias e pessoas, construindo um excedente populacional que atende as necessidades geradas tanto na área de origem como na área de destino (Baeninger, 2012), compondo um movimento transnacional do capital e de pessoas (Sassen, 2010; Guarnizo et al., 2003), que acompanha a inserção das localidades na divisão social e territorial do trabalho em âmbito nacional e internacional. O processo de reestruturação produtiva em âmbito internacional tem contribuído, em nível nacional, regional e local, para a configuração de espaços urbanos selecionados (Sassen, 1988). São nesses espaços que o processo de reestruturação urbana empresta novas feições às cidades, as quais se conectam em diferentes escalas (Sassen, 2010) e por variados “mecanismos de desencaixes” (Giddens, 1991). Tais espaços têm apresentado transformações significativas em termos econômicos, políticos e sociais em um esforço de inserção nessa dinâmica global. Modificaram-se as formas e os processos urbanos até então vigentes nas cidades; intensificou-se a velocidade das transformações tecnológicas; as cidades pequenas e de porte médio passaram a constituir uma importante fatia do dinamismo regional; mudaram a direção e o sentido dos fluxos migratórios nacionais e internacionais. O surgimento de rearranjos nas funções urbanas das cidades, em termos de atividades econômicas e de redistribuição espacial da população, constitui elemento fundamental no fortalecimento de economias regionais que se articulam em diferentes níveis escalares (Brandão, 2007).

Nesse cenário se insere as migrações internacionais em São Paulo; os lugares vinculados à lógica da produção global desencadeia uma nova configuração migratória internacional (e nacional), com diversas modalidades de fluxos (incluindo-se os movimentos migratórios de refugiados) e com a constituição e utilização dos espaços como recurso para a reprodução social dos contingentes imigrantes envolvidos (Tarrius, 2001). A inserção ocupacional desses imigrantes internacionais em São Paulo em nichos econômicos da imigração (Souchaud, 2010) redesenha a distribuição espacial dos contingentes imigrantes em São Paulo, acenando para o recente processo de interiorização da imigração internacional, como são os casos da imigração boliviana e paraguaia no setor textil em Americana e em Indaiatuba no interior paulista.

Este estudo temático aprofundará as relações existentes entre o desenvolvimento de diferentes nichos econômicos no interior paulista (semi-jóias, calçados, têxtil, comércio popular) e a chegada/alocação de imigrantes internacionais nessas espacialidades no âmbito das novas lógicas migratórias (Dumont, 2006). 

Referências

BAENINGER, R. Fases e faces da migração em São Paulo. Campinas: Nepo/Unicamp, 2012. 146 p.

BRANDÃO, C. A. Território e desenvolvimento: as múltiplas escalas entre o local e o global. Campinas, Editora da UNICAMP, 2007.

DUMONT, G-F. Les nouvelles logiques migratoires au XXIe siècle. Outre-Terre, nº 17, 2006.

GIDDENS, A. As conseqüências da modernidade. São Paulo: Unesp, 1991.

GUARNIZO, L.; PORTES, A.; HALLER, W. Assimilation and transnationalism: determinants of transnational political action among contemporary migrants. American Journal of Sociology, 108 (6): 1211-1248, 2003.

HOBSBAWM, E. Era dos extremos. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.

SASSEN, S. Sociologia da Globalização. Porto Alegre: Artmed, 2010. 240 p.

SASSEN, S. The mobility of Capital and Labor. Cambridge: Cambrigde University Press, 1988.

SOUCHAUD, Sylvain. A imigração boliviana em São Paulo. In: FERREIRA, A.; VAINER, C.; PÓVOA NETO, H. SANTOS, M. (Org.). A experiência migrante: entre deslocamentos e reconstruções. Rio de Janeiro: Garamond, 2010. (pp.267-290).

TARRIUS, A. La mondialisation par le bas: les nouveaux nomades de l’économie souterraine. Paris: Éditions Balland, 2002.